Dois dos mais importantes festivais da cidade de Lisboa deram a conhecer algumas das novidades que prometem para os seus eventos, cujo ponto em comum é a ligação ao Rio Tejo (Delta Tejo e Rock in Rio).
A 2.ª edição do Festival Delta Tejo regressa dias 18, 19 e 20 de Julho ao Alto da Ajuda, fiel à lógica conceptual de apostar na música oriunda das rotas dos países produtores de café que encontram, rente ao Delta do Tejo que flui em Lisboa, o espaço de entrelace de todas as culturas, ritmos e influências.
Como a inspiração vem do café, a Música no Coração, promotora do evento, optou por se guiar no mesmo espírito: deixou no ar o aroma, anunciou Mariza, Patrice e Chiclete com Banana, como cabeças de cartaz e guardou o resto para ir revelando até Março e saborear aos poucos.
Monsanto vai manter os dois palcos, mas este ano o principal começa mais tarde. Luís Montez, da Música no Coração, anunciou o crescimento do recinto, o afastamento dos palcos, a melhoria significativa das condições, garantindo a existência de diversas bebidas «habituais nos outros festivais de Verão de referência que organizamos» (em 2007 houve críticas de falta de oferta neste departamento).
Rui Nabeiro salientou a ligação da Delta à música, a existência de ecopontos no recinto e o facto de as embalagens de açúcar serem biodegradáveis, algo inédito em Portugal. À semelhança de 2007, Rui Nabeiro reforçou a vertente ambiental do festival.
De acordo com o Programa Planeta Delta, por exemplo, todos os parceiros serão seleccionados entre os menores emissores de CO2.
Os Couple Coffee, alinhados para tocar no palco secundário, fecharam o evento de apresentação. Luís Montez brincou com o facto da vocalista ser brasileira e se chamar Luanda, ressaltando tratarem-se, Brasil e Angola, de dois países produtores de café. Ao casal da formação inicial, juntam-se agora um percussionista e um guitarrista, tornando o som da banda muito mais preenchido.
Começaram com sonoridades de botequim e avançaram para Zeca Afonso, com arranjos e reinterpretação muito próprios, que podem começar a ser degustados a 1 e 2 de Março, no MusicBox, para a gravação de um disco ao vivo de bossa.
Mariza assistiu à actuação da primeira fila, particularmente emocionada com a reinvenção sentida de Vampiros. Quiçá o ponto de partida de uma futura colaboração com a dupla brasileira. O Alto da Ajuda será, no que à fadista diz respeito, ponto de escuta privilegiado onde Mariza apresentará o novo álbum que, por essa altura, já terá sido editado.
Rock in Rio promete improvisação
De cartaz fechado e conceito promissor, o palco Sunset Rock in Rio foi apresentado pela organização, numa festa ao fim da tarde, com vista para o pôr-do-sol e uma mobilização em massa dos artistas que por ele hão-de passar em Maio e Junho.
O músico e produtor Zé Ricardo, responsável pelo conceito e anfitrião de serviço, convidou aliatoriamente alguns dos muitos artistas presentes no Clube de Golfe com vista para o recinto da Bela Vista, onde será montado o palco Sunset Rock in Rio, exactamente no mesmo local onde, em 2004, funcionou o palco Raízes. Recorde-se as fusões que este proporcionou, por exemplo, entre Gaiteiros de Lisboa e Da Weasel. Mas mais do que explicar a ideia, Zé Ricardo passou a acção com vários apontamentos dos encontros e interlaces, que entre as 17 e as 21h de 30 e 31 de Maio, e 1, 5 e 6 de Junho, conhecerão desenvolvimentos na terceira edição do festival em Lisboa. Tito Paris, Lúcia Moniz, SP & Wilson, Melo D, Sam The Kid e Guida de Palma improvisaram sem rede temas e compositores pouco comuns nas seus percursos.
Com enganos pontuais, algumas falhas, hesitações e derivações - Sam The Kid rimou sobre a filosofia do palco, Melo D "viajou" pelo público, Tito Paris encantou com o violão emprestado e Lúcia Moniz trocou discos e experiências com Ricardo Azevedo.
A jovialidade e diversão visíveis aliados à capacidade de improviso serão o ponto de partida das actuações. Aos músicos pede-se criatividade e poucos ensaios e ao público prometem-se momentos único.
Fonte: Destak